No início do ano de 2019 previa-se que este seria um ano de mudanças relativamente ao sector imobiliário. Desde o ano 2009 que este sector tem crescido gradualmente, não só em número de transações, mas também em número de imobiliárias pelo país. A quantidade de imobiliárias existentes em junho de 2019 era de 6.864, um aumento de 14% relativamente ao mês homólogo do ano anterior. Este fenómeno contribui para o crescimento do mercado imobiliário.
As mudanças mais visíveis desde o início de 2019, são especialmente no tempo entre a angariação até ao fecho do negócio. Se no ano passado a conclusão do negócio demorava em média 45 dias, este ano aumentou consideravelmente para 90 dias.
Podemos relacionar a este acontecimento a falta de casas pelo país. A oferta tem decrescido e o pouco “stock” existente não satisfaz a procura. Os preços por metro quadrado também influenciam na decisão, apesar de começarem a descer em relação aos outros anos, ainda não estão convenientemente regularizados. A classe média/média baixa é quem mais ressente este problema, fazendo com que o desejo de ter uma casa seja adiado para uma altura mais propícia. A regularização poderá não estar muito longe de acontecer, e os investidores estrangeiros já começam a olhar para o mercado com outros olhos. O mercado das casas de luxo em breve passará para segundo plano, e os investidores passarão a focar-se mais no mercado direcionado à classe média. Acreditam alguns especialistas, que isto não se deve às recentes políticas de habitação, mas sim porque o mercado imobiliário fluirá nesse sentido. Segundo alguns especialistas, ainda será cedo para analisar as mudanças criadas pelo governo.
Segundo o INE, o custo das novas construções tem vindo gradualmente a aumentar. Face ao ano passado, podemos assistir a um aumento de 0,6% nos materiais de construção e 4,1% na mão de obra, face ao período homólogo. As novas construções começam a ganhar outro folgo, após os anos da crise. Esta nova dinâmica vem suprir as necessidades para as classes média/alta. Com a ajuda financeira dos bancos, a construção arrancou com mais convicção no ano de 2018. Apenas este ano, as casas começam a ficar prontas para habitar, dando espaço ao mercado imobiliário de mudar o rumo para respostas mais céleres.
Houve um crescimento de 6.3% na atribuição de créditos habitação nos primeiros quatro meses do ano relativamente ao ano anterior. Esta é uma situação atípica pelo facto de haver entraves por parte do Banco de Portugal aos bancos nacionais, na atribuição dos créditos. Para habitação própria os bancos apenas podem emprestar 90% do valor da habitação. Para créditos com outras finalidades que não sejam para habitação permanente, os bancos podem num máximo emprestar 80%. Existe uma recomendação por parte do Banco de Portugal, para que o pagamento do crédito seja feito no máximo em 40 anos, isto para crédito habitação e crédito com garantia hipotecária.
Prevêem-se maiores mudanças no sector imobiliário, especialmente se os investidores estrangeiros apostarem num novo segmento de mercado mais direcionado à classe média. As novas construções, agora restabelecidas dos tempos da crise, poderão criar um impacto nos valores gerais das habitações e é provável que se regularizem.